Prêmio Top do Transporte
Conferido a Piccilli Transportes em 2008

Categoria: Transporte Rodoviário
de cargas

 

Prêmio TOP OF MIND BRAZIL
Conferido a Piccilli Transportes em 2005

Categoria: Transporte Rodoviário
de cargas em geral

Ano de pesquisa: 2005
Validade: 2005/2006

Piccilli Transportes
A história e as dificuldades da carga urbana em São Paulo

Carga Urbana visitou a Piccilli Transportes Ltda., para conhecer um pouco mais da história e das dificuldades da distribuição de mercadorias no Brasil.


Um pouco de história

A Piccilli Transportes é uma transportadora de pequeno porte, estrutura familiar e características especiais que a distinguem no mercado. Sua origem remonta ao inicio do século passado, com o imigrante napolitano Carmine Piccilli trabalhando com uma carroça na Estação da Luz, no transporte de bagagens e mercadorias na cidade
de São Paulo.


Em 1945, o filho Jurandir Piccilli, com 16 anos, começa a trabalhar no empreendimento e em 1948 adquire seu primeiro caminhão, um Ford F-6, dando inicio à empresa.

Estabeleceram-se no bairro do Tatuapé, onde permanecem até hoje, e o Sr. Jurandir conhecia tão bem as ruas da cidade que chegou a colaborar na edição do primeiro Guia de São Paulo. A vocação familiar para o transporte de carga não se restringia aos residentes em São Paulo. O restante da família que ficou na Itália, também trabalhava no ramo de transportes.

Em 1976 o filho do Sr. Jurandir, Agnaldo Piccilli se incorpora a empresa e mantém sua direção até hoje. No inicio a empresa atuava no transporte de produtos diferenciados: frutas, verduras,  vidros e cristais, sapatos, e adquiriu muita experiência na distribuição de mercadorias na área urbana da Região Metropolitana de São Paulo. Foram pioneiros em alguns trajetos: Rio - Bahia, São Paulo – Teresina e São Paulo – Maranhão.

Atualmente a Piccilli Transportes é uma empresa enxuta, moderna, totalmente informatizada, com poucos funcionários e alguns terceirizados. Dispõe de frota própria de apoio e vários agregados prestando serviço fixo. A empresa mantém unidades em Natal, Fortaleza, Rio de Janeiro e Jaguariúna, onde opera o Centro de Consolidação de Cargas do Sul da Vicunha Textil, e em São Paulo, onde mantém um centro logístico e centraliza as atividades.

Conforme Agnaldo ressalta, "o segredo da empresa consiste em ser pequena com serviços de grande empresa para oferecer o que há de mais moderno nos serviços de transporte".  Além disso conta com outro diferencial: o trabalho é focado exclusivamente nas necessidades do cliente.


Soro

Um exemplo de transporte diferenciado e com alta responsabilidade para a transportadora é o soro fisiológico. Se o estoque do Hospital estiver acabando, um atraso na entrega poderá trazer riscos para os pacientes.

A Piccilli Transportes trabalha para uma fornecedora de soro com a fábrica em Fortaleza. Segundo Agnaldo, o fabricante optou pela transferência, de São Paulo para o Ceará, em função das facilidades oferecidas, principalmente as vantagens fiscais.

O soro não exige transporte refrigerado, mas as condições de higiene
devem ser rigorosas e as entregas são feitas dentro dos hospitais, com funcionários uniformizados.

Outra característica desse tipo de transporte é que um determinado lote é destinado a um hospital específico, não pode ir para outro. O acompanhamento é feito por controle eletrônico. Este é um dos casos em que deve haver confiança absoluta no serviço prestado. Como diz Agnaldo: “A empresa só nos confiou a carga dela porque tem certeza que nós vamos fazer”.


Tecidos


Outro ramo que tem um grande peso entre as atividades da Piccilli é o transporte de tecidos, contando entre os seus clientes com o Grupo Vicunha, desde 1997. Na indústria têxtil também houve uma migração dos fabricantes para o nordeste: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco.

Uma das dificuldades das entregas de tecidos ocorre quando o destinatário, comerciante ou confecção, é de pequeno porte e não tem área de recebimento. Nesses casos, a “logística” envolvida fica muito distante dos belos e sofisticados manuais: trata-se de conseguir uma vaga na calçada de uma rua movimentada e, ainda por cima, negociar com os camelôs uma estreita passagem para os carregadores. Algum esbarrão nas barraquinhas pode causar sérios problemas, pois é conhecida a combatividade com que os nossos ambulantes defendem o seu território. A situação exige muito conhecimento do terreno e diplomacia.
Agnaldo cita casos de caminhões de outros estados que ficam rodando por horas sem conseguir estacionar.

Outro grande problema é a segurança, pois os tecidos são muito visados pelos ladrões pela sua fácil comercialização. As medidas necessárias são tomadas: sistemas de rastreamento (local e por satélite), rádio e escolta, encarecendo muito o transporte e prejudicando a todos. Piccilli sugere que as autoridades tomem medidas mais efetivas para coibir os roubos.

Como?
Atacando os receptadores, apreendendo mercadorias sem nota, investigando possíveis fontes de informação para as quadrilhas, que são muito organizadas: se o caminhão é fechado, como eles ficam sabendo qual é a carga?

Também é preciso mudar a idéia de que os roubos quase só acontecem nas estradas. Atualmente, boa parte das ocorrências do Estado dá-se na Grande São Paulo. Para Piccilli, se não houver uma melhoria na questão da segurança, a situação pode se tornar insustentável para as empresas.


Problemas da carga urbana

“São Paulo está caminhando para um apagão logístico.”
A frase, comum na boca dos planejadores de transporte que se preocupam com a carga urbana, é repetida por alguém que vive no dia a dia essa ameaça.
Segundo Piccilli, para a opinião pública o caminhão é um dos piores vilões do trânsito, o que é injusto. Não se pode abastecer a cidade sem o caminhão.

A principal medida para aliviar a situação é finalizar o Rodoanel. Sem tirar da cidade os caminhões e ônibus que a utilizam como passagem fica difícil pensar em melhorias duradouras para o trânsito.

A má fama do caminhão deve-se aos maus empresários e aos carreteiros autônomos. Seria preciso maior consciência para aumentar a qualidade
desse setor.

O rodízio é um grande problema para as transportadoras. Para Piccilli, ele deveria ser aplicado apenas para os particulares, pois a carga precisa rodar. Tem lógica: se o rodízio pretende que o cidadão deixe o automóvel em casa e use o transporte público, isso não se aplica à carga.

O VUC também é criticado. Diminui o espaço ocupado por um caminhão mas aumenta o número de veículos. Além disso, é um caminhão caro, que não existia.

A Legislação Trabalhista é ultrapassada. Precisa ser mais adequada à situação atual, com grandes mudanças tecnológicas, como é o caso da velocidade da informação. Um exemplo é a questão do cartão de ponto. Para um motorista, que está sempre se deslocando, fica difícil bater o cartão.


Estratégia

Atualmente há um excesso de transportadoras. Com o aumento da oferta, cai o preço do frete e a margem de lucro: “Para quebrar uma transportadora é muito fácil. Você tem que ser muito competitivo, e qualquer coisa que fizer de errado, vai pagar para trabalhar.”

Como superar isso?
“É preciso achar um nicho, apresentar soluções novas para os clientes.” 

É esse enfoque diferenciado que permitiu à Piccilli conquistar a confiança do mercado, trabalhando dentro do cliente para conhecer a fundo as suas necessidades.